A história de Luciana

Luciana tem 17 anos, é estudante, mora com a família e, a cerca de três meses descobriu que está grávida. A menina tinha um relacionamento de um ano e meio com Eduardo de 20 anos. Ao saber da gravidez, Luciana ficou apavorada. Ela sabia que os pais não iriam compactuar com uma gravidez fora de um casamento.

Preocupada com a situação, Luciana procurou Eduardo para falar da gestação. Eduardo, no entanto, disse que era muito jovem pra ser pai e conseqüentemente assumir uma família. Em outras palavras, ele estava dizendo que não assumiria o filho.

Sem saber o que fazer, Luciana apenas chorou. E pensava em como poderia contar aos pais que estava esperando um filho. Ela sabia que enfrentaria uma grande prova e que os seus pais, por serem muito tradicionais, poderiam não apoiá-la nesse difícil momento. Ela temia em até ser expulsa de casa.

Conversando com uma amiga, foi aconselhada a não levar adiante a gestação não planejada. A amiga falou que se Luciana quisesse, poderia levá-la em um local que, provavelmente, daria fim a todos esses problemas.

Luciana ouviu atentamente os argumentos da amiga. Por um momento pensou que, se fizesse isso, não precisaria nem sequer contar aos pais sobre o ocorrido. A moça se viu em um grande labirinto. Ela já tinha sido abandonada por Eduardo e no íntimo do seu coração, também temia ser abandonada pelos pais.

Porém, Luciana já se sentia responsável por aquela vida que se formava em seu ventre. Ela, por mais que fosse jovem, sabia que os seus atos teriam consequências marcantes pelo resto de seus dias.

Durante a noite, deitada em sua cama, ela pensava no conselho da amiga em realizar uma interrupção da gravidez. Pensava que se desse sequencia a gestação, não poderia se virar sozinha. Sombras e medo pairavam no coração da gestante.

Luciana sabia que quanto mais o tempo passasse, mais difícil ficaria para ela esconder a verdade. A barriga iria começar a crescer, os desejos, os hábitos alimentares iriam sofrer mudanças. Ela sabia que deveria tomar uma decisão o quanto antes.

Mais uma vez, ela tentou argumentar com Eduardo sobre a possibilidade de ambos cuidarem da criança que viria ao mundo. No entanto, agora, do ex-namorado, ela ouviu: “Luciana eu não quero saber de ser pai”.

A jovem mulher se viu só e sem chão.  Luciana não tinha emprego, ou qualquer outra fonte de renda, ela era só uma estudante que tinha suas contas, até então, pagas pelos pais. Como do nada ela poderia começar algo, para sustentar ela e uma criança?

Luciana, literalmente, não sabia o que fazer.

Numa tarde, ela ligou para amiga e perguntou se essa amiga poderia levá-la até o local onde ela pudesse por fim nessa gravidez.

Ao chegar ao local indicado com a amiga, ela começou a chorar e sentir já desde então o peso da culpa de interromper uma vida que estava se formando dentro de si.

Parada em frente aquele endereço, ela pensou que se talvez falasse aos pais, eles poderiam reagir de forma diferente e ajudá-la com essa responsabilidade. Por outro lado, ela também excogitou a outra possibilidade, ou seja, pais bravos e consequentemente ela expulsa de casa.  Ela já tinha em seu coração um certo sentimento materno, esse amor incondicional começara a desabrochar em seu coração.

Mas Luciana, caso levasse a frente a gestação, não queria que seu filho passasse por tantas dificuldades, por um erro de planejamento seu. Porém, ela também não queria carregar dentro de si a culpa de ter interrompido a vida que estava dentro de seu corpo.

E agora? No lugar de Luciana, o que você faria? Interromperia a gestação, ou seja, faria um aborto, ou falaria a verdade e pediria a ajuda dos pais? O que você faria?
 



Poesias & Crônicas de Márcio Nato

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