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Na rua chamada Alegria
existia uma casa rosa, que durante um tempo se encheu de muita felicidade. A casa
tinha um portãozinho amarelo e muros brancos, cobertos com flores. A campainha,
quando tocada, emitia um som de uma bela melodia que tornava ainda mais bela
aquela casa. O jardim da casa era composto por lindas flores de diferentes
belezas que todo o dia, ao amanhecer e ao sol se pôr, eram regadas pela linda
jovem que ali residia.
Paola, certo dia, se apaixonou
profundamente por um jovem de
nome esquisito e engraçado. Ela ficou deslumbrada com o rapaz chamado “Astucio”.
Ambos ficaram perdidamente apaixonados.
Paola todos os dias molhava o seu
jardim, e falava com as flores. Ela e Astucio conversavam diariamente, e com o
passar do tempo, ficaram ainda mais enamorados.
Paola, a cada amanhecer, demonstrava em
seu rosto um sorriso mais
brilhante, dizia para as suas flores que não via à hora de encontrar com
Astucio. Ela sonhava em
breve ficar bem juntinha do rapaz, e ele também dizia que a queria muito por perto. Ambos sonhavam a noite
agarrados por um fio e assim, trocavam várias promessas de amor.
Astucio, todos os dias, enviava mensagens e
mais mensagens para Paola dizendo que a amava sem medidas. A mocinha suspirava
ao sentir tanto amor e atenção, excogitava logo poder encontrar e permanecer
com aquele que lhe jurara tanta devoção.
A cada dia, Paola estava mais feliz e
irradiante, as flores de sua casa amanheciam mais vivas. As rosas eram mais
vermelhas, e os passarinhos que gostavam de pousar nos galhos das árvores, em
volta da casa de menina, para ouvi-la cantar sobre o amor em cada pôr do sol,
eram muitos!
Um dia, a moça percebeu que as
mensagens para ela não eram mais tão constantes como antes, perguntou para
Astucio: “Querido há algum problema, tem algo errado? Você está diferente...” O
rapaz jurou de pés juntos: “Não, linda do meu viver, não há nada de errado!”
Mas, ela percebeu e sentiu que a
dedicação dele não era mais a mesma. Não levou muito tempo para que o
coraçãozinho de Paola fosse alvejado, por uma ducha de água extremamente fria.
Ela foi avisada por um pássaro, que trazia em suas asas a palavra: “decepção”,
que o grande amor de sua vida amava outra mulher. Detalhe: um amor do passado e
que agora jaz na sepultura.
A menina se perdeu em seus pensamentos,
deu um grito que assustou meio mundo, chorava dia e noite. O seu coração estava
estilhaçado. Agora, não eram mais as águas que ela usava para regar as flores
de seu jardim, e sim lágrimas amargas que escorriam de seu rosto.
Os pássaros que ao cair da tarde iam
até a sua casa para ouvi-la cantar, esperavam até o último raio de sol do dia. Porém,
da casa da menina não se omitia mais nenhum som de nota musical, mas sim sons
horrorosos de choro e agonia.
As flores logo murcharam e morreram, as
rosas que antes possuíam um vermelho tão intenso e desejado, agora estavam
negras como a escuridão do quarto depressivo de Paola.
Aos poucos os passarinhos deixaram de
ir a casa dela, a vida que ali habitava desapareceu, as estrelas a noite não
ousavam brilhar, e nem o luar quis mais mostrar a luz naquele local. A casa de Paola aos poucos se escureceu, as
folhas das árvores cairão e os troncos se secaram, aquele espaço havia se
tornado amargo e obscuro.
Todos que passam em sua rua hoje, veem
a residência dela como a mais fria, triste, sombria e solitária casa do
quarteirão. Certo homem, um dia perguntou: “O que houve com aquela mocinha
linda e feliz que ouvíamos cantar, toda à tarde nessa casa, canções de amor?”
Um rouxinol que por ali ficou na esperança
de vê-la voltar respondeu: “Ela está dentro do quarto, trancada, chorando a
perda de um alguém que muito amou”.
Poesias e Crônicas de Márcio Nato
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