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Olá,
sou o detetive Olho Vivo...
Esse
caso que vou contar é um tanto, quanto, assombroso.
Essa
história, cheia de requintes sobrenaturais, o correu na tensa cidade de
Corruptiba, no Estado de Trambiquenóplis...
Era
uma noite fria do dia 07 de agosto de 1957, como sempre, eu estava no meu
escritório preenchendo alguns relatórios e pronto para findar o dia. Quando, inesperadamente, isso por volta das
22h: 32 minutos, o meu telefone toca...
Era
nada mais nada menos do que – o que o então deputado estadual – Cleomir da Roça
Grande.
Roça
Grande era um “figurão” que havia ficado, midiaticamente, conhecido por efetuar
uma limpeza extraordinária na Assembleia Legislativa de Corruptiba. Na época, a casa dos “roedores” estaduais
estava uma bagunça...
O
local parecia uma mansão mal assombrada, eram fantasmas e visões para todos os
lados, só faltava aparecer a “mula sem cabeça, saci Pererê e o famoso
lobisomem”. Pois, o terrível Conde Drácula, também, já estava por lá.
No
entanto, Cleomir foi intrépido e colocou a “monstrarada” toda para fora da
casa. E de quebra, ele ganhou da impressa o título de: “O Caça Fantasmas”.
Após
ter feito essa limpa, e ter usado o canhão de plasma para afastar os fantasmas
mais insistentes, Roça Grande se tornou um ícone na política do Estado de
Trambiquenópolis. Mas nem tudo são flores nessa vida e aí, que eu entro na história...
Uma
revista da época, “Telegrama Capital”, publicou uma denúncia contra o, “Caçador
de Fantasmas”. De acordo com o conteúdo
da informação, nas páginas da revista, Roça Grande pagava um outro deputado
“fantasma” para criar factóides contra
um ex-presidente da República.
Roça
Grande, ao telefone, estava desesperado. – O motivo da brabeza não era nem por
causa da denúncia em si, mas sim por causa de um famoso jornalista da época.
Imagine
que o jornalista, muito conceituado, reproduziu a informação por meio do rádio –
veículo de comunicação que sustentava as maiores audiências e credibilidade
daquele tempo – isso, deixou Roça Grande uma fera!
Ele
berrava, no meu ouvido, ao telefone.
_
Detive Olho Vivo, o senhor precisa me ajudar, estou sofrendo injúria! Esse
jornalista bocudo não sabe o que fala! Isso não é verdade. Ele não checou as
informações... Eu não tenho nenhum fantasma sobre meu poder, coloquei todos
para correr.
Então,
por um instante, olhei para uma foto dele estampada na capa de um jornal da
época, cocei o meu bigode e disse-lhe: _Responda a altura a tal revista, e
converse com o jornalista que divulgou a informação. Se você não deve, não há o
que temer. Mas se você estiver de rabo preso, isso será só a ponta o iceberg.
Instantaneamente,
ele desligou o telefone. Dias depois, todos os veículos que noticiaram e
repercutiram a informação se retrataram, pois, Cleomir, até então, era um ficha
limpa.
Como
agradecimento, ele enviou para o meu escritório uma isca de tubarão. Confesso
que já se passaram mais de 50 anos, e ainda não entendi o porquê desta isca de
tubarão...
Enfim,
o importante é que ajudei o caçador de fantasmas a viver sem a sombra de ser um
fantasma ou dono de um.
Por
Márcio Nato
afeto
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