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Jorge Fernando Camargo tem 37 anos, e é casado com a pedagoga Márcia Santos de 32. Além disso, é pai de uma bela menininha de cinco anos. Jorge desde muito cedo começou a vida trabalhando como vendedor. Ambos se conheceram quando ainda eram muito jovens. Desde então, começaram a desenvolver um relacionamento. Casaram-se e tiveram a menina Gabriela.
Embora trabalhasse só como vendedor, Jorge sempre deu tudo do bom e do melhor para a família. A casa do casal era uma das mais bonitas da rua onde viviam. Ele saíra de casa às 7 da manhã e só retornava no início da noite.
Os finais de semana do casal eram sempre em locais dignos de passar férias. Hotéis e Resorts caríssimos, as viagens eram sempre em primeira linha. Os gastos chegavam a ser exorbitantes.
E era essa vida que Jorge levava que intrigava alguns familiares de Márcia. Muitos perguntavam: “como um simples vendedor pode ter tantos gastos tão altos e com um salário mediano?”. Essas perguntas, com o tempo, também passaram a ocupar a mente de Márcia.
A esposa começou a interrogar o marido sobre onde conseguira tantos recursos para manter o gasto familiar, as despesas do lar e como conseguira bancar todas as viagens.
Jorge, no entanto, nada respondia. Ele apenas se esquivava. Inquieta, por conta própria, Márcia passou a investigar a vida de Jorge. E para a surpresa da mulher, ela descobriu que nem todos os ganhos que o marido obtinha, vinham de fontes lícitas.
A mulher descobriu que Jorge também trabalhava de forma paralela com mercadorias contrabandeadas. Por um instante, Márcia pensou em todos os benefícios que perderia caso resolvesse denunciar o desvio de conduta do esposo. Porém, falava mais alto em seu coração, aquilo que era o correto.
Reunindo provas necessárias, numa noite, Márcia propôs conversar o assunto com o esposo. A pequena Gabriela dormia como um anjo no quarto da bela casa, que ficava no segundo andar, enquanto o casal no andar de baixo, reunidos na sala, debatiam sobre os afazeres de Jorge.
Era notório que Márcia estava totalmente desconcertada com os afazeres ilícitos do esposo. A mulher não entendia o porquê o marido não compartilhou com ela algo tão importante. No pensamento dela, como ambos são um, não deveria haver segredos entre eles.
O coração de Márcia sentia-se traído por Jorge ter escondido dela durante todos esses anos essa atividade paralela. Por mais que pudesse parecer simples para Jorge, por mais que fosse fútil para ele, para Márcia não era bem assim, para a esposa faria toda a diferença.
Em conversa com o homem, Márcia disse para que ele abandonasse e parasse com as atividades irregulares e que ambos pudessem viver a vida de maneira honesta, nem que para isso ela tivesse que voltar a trabalhar. Márcia não queria viver uma vida cheia de irregularidades ou de crimes, por mais inútil que fosse a ação, Márcia não queria uma vida assim.
Jorge, no entanto, argumentou que, se parasse com as vendas paralelas, o padrão de vida do casal iria cair e muito e possivelmente eles não poderiam manter a bela casa que viviam e nem tão pouco manter o padrão de vida atual.
Depois da conversa com o companheiro, Márcia procurou os pais e expôs toda a situação. O pai de Márcia disse que se Jorge fosse pego, e isso poderia acontecer a qualquer instante, ele teria que dar conta à receita federal, e ainda poderia passar alguns anos na cadeia.
Márcia argumentou que não interessava se o padrão de vida fosse cair, mas ela queria viver uma vida honesta com a família. Ela amava o esposo, toda via, não queria ser manchete negativa nas capas dos jornais.
Por mais que ela tentasse conversar, Jorge era relutante em mudar os padrões de vida. Ele se recusava em deixar a atividade ilegal. Para ele era inaceitável se acostumar a viver com o salário único de vendedor. Nas atividades paralelas, era de onde vinha o maior montante do sustento dele e de toda a família.
O pai de Márcia sugeriu, já que o marido estava decido em permanecer no erro, que ela se separasse e voltasse para casa. O pai estava preocupado com a integridade moral da filha.
No entanto, a mulher queria manter unida a família que construíra com Jorge. Márcia, de certa forma, acreditava que Jorge poderia mudar de opinião. Ela não queria que a pequena Gabriela fosse criada longe do amor do pai. Afinal, Jorge era bom esposo. Ele sempre fora muito carinhoso e amável com a família.
Diante deste dilema, da pressão que agora começara a ser exercida pelo pai, Márcia fica com a difícil decisão a tomar: deveria ela desistir do casamento e voltar para a casa dos pais, ou ela deve insistir mais um pouco na esperança que Jorge mude de conduta?
No lugar de Márcia o que você faria?
Poesias & Crônicas de Márcio Nato
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